quinta-feira, 6 de maio de 2010

A amiga do dedo podre

Lembro que no dia que ele terminou comigo foi um choque. A gente já havia falado sobre isso nos dias que se antecederam, mas no fundo, no fundo, você sempre acha que ele te ama o bastante para não botar um fim em tudo. Eu sempre pensei que ficar juntos 'pra sempre' podia soar pretensioso demais. Mas agora eu ia ter que desistir dele, esquecê-lo, e não estar junto por todos os dias... Pra Sempre! O que me parecia muito mais tempo ainda.

Eu sentia como se fossem socos no estômago e a vontade que eu tinha era de chorar até vomitar. Como se aquilo fosse tirar de dentro de mim aquela sensação ruim, como uma coisa estragada que a gente come. “Como chegou nesse ponto?” ,“Como duas pessoas conseguem se envolver de formas tão diferentes dentro de uma mesma relação?”. Pensar naquilo me machucava tanto que a dor, que era extremamente emocional, ganhava proporções fenomenais e se transformava numa dor 'agoniantemente' física.

Acho que se ficar sozinha numa hora dessas a gente pira. Por isso peguei o telefone e tentei enxergar os números através daquela barreira de lágrimas. Como se o pára-brisa dos olhos não desse vazão a toda aquela enxurrada. A voz amiga no outro lado da linha é suficiente pra te deixar muito mais abalada emocionalmente e é quase uma luta para conseguir falar alguma coisa. A voz fica tão aguda que quase dá pra se comunicar com golfinhos.
Nem precisa explicar muita coisa. Ela já entendeu tudo. Ela te conhece. E aí é só uma questão de tempo para dar início a um trabalho tão árduo quanto o de formiguinhas no formigueiro. Uma avisa a outra, que manda um SMS praquela, que deixa um recado no Orkut da próxima. Em pouco tempo, todas já estão em estado de alerta prontas para consolar a 'ferida' da melhor forma possível.
Toca a campainha. Depois de você desabafar tudo que estava dentro de você e se debulhar num vale de lágrimas, após um certo tempo você percebe que já estão falando de outra coisa e você nem está mais chorando. Seu rosto está levemente menos inchado. Que poder mágico elas têm, essas suas amigas! Que no meio de todo aquele sentimento péssimo você até consegue se sentir um pouquinho melhor. Não ficaria surpresa se até conseguir dar um sorrisinho singelo de canto de boca.

Aí cai a ficha de que essas amigas são pessoas que te amam sem te julgar. Mesmo se você ronca, ou não gosta de cebola, ou se gosta de jogar buraco em pleno carnaval... Elas continuam te amando. Mesmo sabendo que você tem o dedo podre para escolher TODOS os seus pretendentes. O que implica que mais hora, menos hora, elas vão ter que estar de prontidão para te socorrer de novo. Ainda assim elas te amam!

Aí você já começa a se sentir meio egoísta e até um tanto besta por estar perdendo tanto tempo e lágrimas por alguém que nem se importava tanto assim. Ainda dói, mas já não é tão insuportável. Você já nem tem mais vontade de vomitar. E o seu rosto a essa altura já está praticamente normal. Você já se sente mais confiante e tem quase certeza que vai conseguir superar tudo isso. É só uma questão de tempo. Você já tem até ânimo pra acompanhar as amigas numa pizza. E nada que um pouquinho de maquiagem para esconder a vermelhidão ao redor dos olhos e do nariz. Você já está pronta para outra!

Mas você sabe muito bem que não teria conseguido sem elas. Que um trabalho em equipe é bem melhor do que vencer uma batalha sozinho. É... Você já está legal. Já está pronta para escolher o seu próximo heartbreaker.




Um comentário:

Anônimo disse...

Até chegar o dia seguinte e tudo que vc sente começa a aparecer de novo... 9 meses de trabalho árduo, e ainda dói da mesma forma que doía no 1º dia...