segunda-feira, 10 de maio de 2010

Pica e Repica

Aos 23 anos tenho 01 piercing rosa no nariz, 01 tatuagem (querendo fazer outras), cabelos na altura do pescoço com mechas californianas, unhas dos pés roxas. Como me tornei essa pessoa? Simples: desilusões. Eu era uma menina normal, aparência mediana, cabelo comprido meio lambido, óculos. Nada que causasse impacto. Mas tudo começa a mudar quando se entra no jogo da desilusão (ou seria na dança da solidão?).
Primeiro começa com o básico: unhas vermelhas. Mas por mais que aquele vermelho amenize um pouco a sua agonia ainda não é suficiente. Unhas dos pés laranja? Não custa tentar. Afinal você está tendo a ligeira impressão de que mudar te dá uma sensação gostosa e te faz esquecer um pouquinho daquele besta que te fez sofrer.
O próximo alvo é o cabelo, mas este só entra em jogo quando foi desilusão das brabas. Você não agüenta mais sua cara no espelho e algo dentro de você diz que radicalizar vai te fazer sentir melhor. Como se um corte de cabelo fosse te mudar a ponto de nunca mais cometer os mesmo erros. Respira fundo. “Pode meter a tesoura, vai. Repica!”E enquanto você se repica, seu coração vai tentando se esquecer aquela maldita daquela pi... pessoa infeliz que te causou tanta dor.E aí depois que você chegou ao estágio do cabelo, é tarde demais para voltar atrás.
Daí para frente você vai querer muito mais porque mudar é inebriante, mudar renova, mudar liberta. Você passa a pintar e furar tudo que vê pela frente. Até o dia em que você se olha no espelho e já não se reconhece mais. Cadê aquela menina bobinha com cara de nerd, cabelo lambido? Ih, essa daí ficou para traz faz tempo.
Mas o que importa mesmo é mudar dentro da gente, porque mudar machuca, mas pelo menos se aprende alguma coisa com isso. Uma cicatriz é um ótimo lembrete para não errar novamente.Mas não pense que isso é coisa de adolescente ou de pessoa de mente fraca, não.
Liguei para minha avó esses dias para saber como iam as coisas, afinal ela andava meio chateada, meio tristinha. Ela me disse “Ah, minha filha. Tive um problema de pressão, me senti muito mal. Mas quando saí do médico passei no salão, fiz as unhas, aparei as pontas, pintei o cabelo de preto...” OI?! Minha avó tem 87 anos e desde que me entendo por gente ela tem aquele cabelo branquinho como a neve, cabelo de vó. Mas pelo visto esse negócio de mudar funciona mesmo (e serve para todas as idades).
Já dizia meu cabeleireiro que mulheres são assim mesmo. Um belo dia acordam com vontade de mudar o mundo e começam pelo cabelo. Então fazer o que?! Repica, vai!

Um comentário:

Amanda Farias disse...

É Clarinha, pelo menos pra alguma coisa essas delisulões servem né? Nos deixam mais bonitas e renovadas. Lembrando sempre que? Decepção não mata, ensina a viver... e nos deixa mais bonitas!